sexta-feira, 16 de abril de 2010

Quilombo

Quilombos e Comunidades Remanescentes de Quilombos.

Justificativa

Quilombo derivado das línguas de raiz bantu originárias da África Centro-Ocidental, atuais Angola e Congo, designava território ou fortaleza. Desde o século XVII essa palavra surgiu no Brasil como sinônimo de “terras de negros fugidos”. No Brasil atual as populações remanescentes de quilombos são herdeiras das lutas e tradições dos quilombos, ou seja, demarcam tais espaços como fruto de remotas ocupações negras e estabelecem o direito a terra, daqueles que antes de 1988, nunca tiveram direito a propriedade, mesmo após o fim da escravidão. Podemos dizer que embora não tenham sido as únicas, foram das mais importantes formas de resistência ao colonialismo europeu e à escravidão. Herdeiras da memória daqueles que ressignificaram culturas africanas diversas. Essas comunidades negras, embora não sejam mais invisíveis, são ainda desassistidas pelo estado e combatidas por fazendeiros no meio rural e pelos especuladores imobiliários no meio urbano. Podemos dizer que, cada comunidade remanescente de quilombos possui dimensões sociais, políticas e culturais especificas que as remetem aos antigos redutos de negros rebeldes e aquilombados do passado.
Esta proposta de trabalho visa tomar este termo Quilombo o ponto de partida para uma reflexão sobre a liberdade e o território. Para tanto lançamos mão de novas abordagens sobre o tema tendo como referência os trabalhos do Geógrafo Rafael Sanzio Araujo dos Santos da UNB, do Historiador Flávio dos Santos Gomes da UFRJ e um texto da Historiadora Marina Mello e Souza da USP. Com isso procuramos exercitar uma interpretação sobre os Quilombos ontem e hoje e através da leitura de textos e mapas. Palmares foi o maior e mais conhecido Quilombo da História do Brasil, mas existiram inúmeros povoamentos quilombolas em praticamente todo país. Escolhemos a planta do quilombo de São Gonçalo que existiu no Estado de Minas Gerais no século XVII, ao lado de outros numerosos quilombos como o do Ambrósio e o de Campo Grande.


Objetivos

Conhecer as formas de resistência a escravidão empreendidas pelos africanos e negros escravizados;
Apreender os rudimentos de interpretação cartográfica e visual;
Visualizar a organização social e política dos quilombolas ao mostrar a estrutura interna de um dos quilombos;
Fomentar o interesse dos educandos pela história do Brasil em uma outra perspectiva que não da expansão ibérica;
Situar os movimentos quilombolas contemporâneos como uma questão de cidadania e direito a terra.

Planejamento

1.Fixar na sala um mapa sobre os principais quilombos históricos (séculos XVI-XVII) e das terras dos quilombolas remanescentes de distribuídos no território brasileiro (veja mapas 5 e 7 da Coleção África-Brasil. Cartografia para o Ensino Aprendizagem de Rafael Sanzio Araújo dos Anjos).
2.Reproduzir para os alunos o texto “O reino de Palmares” de Silvana Salerno (2006) cuja referencia encontra-se na bibliografia.
3.Reproduzir para os alunos cópias do mapa do quilombo de São Gonçalo. Pode-se obter uma imagem da planta acessando o site
4.Fazer transparências e pequenas cópias impressas de imagens sobre as populações quilombolas.

Encaminhamentos

1.Comece perguntando aos alunos se eles sabem o que são quilombos e o que são terras quilombolas? Registre suas idéias na forma de texto coletivo.
2.Em seguida apresente a temática quilombola de forma sintética, fornecendo informações gerais sobre os Quilombos no passado e no presente. Sugerimos que consultem os textos sobre quilombos disponíveis no site da Secretaria para a Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) -
3.Apresentar o texto para leitura e interpretação, ler e interpretar o texto “O reino de Palmares” de Silvana Salerno (2006) cuja referencia encontra-se na bibliografia.
4.Apresente aos seus educandos um mapa sobre os principais quilombos no território brasileiro. Sugerimos o material da Coleção África-Brasil. Cartografia para o Ensino Aprendizagem de Rafael Sanzio Araújo dos Anjos. Fale sobre a existência de quilombos, apresentando Palmares e outras experiências de movimento quilombola. Situe espacial e cronologicamente essas experiências.
5.Forneça aos educandos cópias do Mapa-documento de 1769, onde aparece a planta do Quilombo de São Gonçalo. Solicite que façam a descrição do conteúdo. Oriente-os para que observem a estrutura espacial do quilombo e a legenda que aparece no canto esquerdo da planta.
6.Peça para seus alunos identificarem os elementos arrolados na legenda e solicite que identifiquem os espaços numerados. Monte com a ajuda de seus alunos uma legenda coletiva do quilombo de São Gonçalo. Para auxiliá-lo na apresentação da estrutura do quilombo de São Gonçalo fornecemos abaixo uma transcrição da legenda.

I.Ferraria
II.Buracos para fuga
III.Horta
IV.Entrada com dois fogos
V.Trincheira
VI.Paredes de casa a casa
VII.Casa de pilões
VIII.Saídas de estrepes
IX.Mato
X.Casa de tear
7.Organize seus alunos em pequenos grupos e solicite que identifiquem os elementos estruturais da organização dos quilombos: quais eram suas estruturas de defesa e as suas estruturas produtivas (hortas, ferraria, casas de pilões e do tear)? Como eram as habitações?
8.Apresente as transparências e solicite em seguida que comparem esses elementos com o material do banco de imagens sobre comunidades remanescentes de quilombos. Ainda organizados em pequenos grupos, peça para identificarem as semelhanças e as diferenças.
9.Em seguida, peça aos grupos que apresentem suas conclusões, descrevendo a estrutura do quilombo e as possíveis (des)continuidades das tradições africanas existentes entre esses e as atuais comunidades quilombolas. Sugerimos a elaboração de um texto coletivo, finalizando a atividade.


Referências e Sugestões de materiais de apoio
ANJOS, Rafael Sanzio Araújo dos - Coleção África-Brasil. Cartografia para o Ensino Aprendizagem. Brasília: Editora Mapas Consultoria, 2000.
ANJOS, Rafael Sanzio Araújo dos – Quilombolas. Tradição e cultura de resistência. São Paulo: Aori Comunicação, 2006.
GOMES, Flavio dos Santos. A hidra e os Pântanos: Mocambos, quilombos e comunidades de fugitivos no Brasil, (entre séculos XVII-XIX). São Paulo: Editora UNESP: Editora Polis, 2005. p. 368-395.
GOMES, Flavio dos Santos. História de quilombolas: mocambos e comunidades de senzalas no Rio de Janeiro, século XIX. São Paulo: Companhia das Letras 2006.
MUNANGA, Kabengele. Origem e Histórico do quilombo na África. Revista USP, Vol 28, 1995-1996.
REIS, João José; GOMES, Flávio dos Santos. Liberdade por um fio: História dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
SALERNO, Silvana. O reino de Palmares. In: Viagem pelo Brasil em 52 Histórias. São Paulo: Cia das letrinhas, 2006, p 74-77.
SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. São Paulo: Ática 2006. p 97-102.

Sites

www.mgquilombo.com.br Acesso em: 13 mai 2009
www.museuafrobrasil.com.br/acervo_trabalho.asp. Acesso em: 20 jun 2009.
www.presidencia.gov.br/estrutura_presidencia/seppir Acesso em: 20 jun 2009.




BANCO DE IMAGENS
Representação cartográfica do Quilombo de São Gonçalo, localizado nas proximidades da atual cidade de Araxá, Triângulo Mineiro.

www.museuafrobrasil.com.br/acervo_trabalho.asp
Construção em adobe, com teto de palha, localizada no Quilombo São José, município de Valença - RJ. Nessa comunidade ainda se utiliza a terra crua como elemento construtivo, danças tradicionais como o jongo e artesanato de palha de milho.


flickr.com/photos/rajiva/581495800/
 

www.culturanegra.com.br/quilombos.htm

Poemas reflexivos

PALAVRAS DE UM POETA AFRICANO

Meus caros irmãos,
Quando nasci era negro,
Agora cresci e sou negro,
Quando tomo Sol fico negro,
Quando estou com frio fico negro,
Quando estou doente fico negro,
Quando eu morrer ficarei negro,

E você homem branco,

Quando nasce é rosa,
Quando cresce fica branco,
Quando toma Sol fica vermelho,
Quando sente frio fica roxo,
Quando sente medo fica verde,
Quando morre fica cinza.

E ainda tem coragem de me chamar de homem de cor!

Autor desconhecido.


ZUMBI

Zumbi morreu na guerra
Eterno ele será
Rei justo e companheiro
Morreu pra libertar
Zumbi morreu na guerra
Eterno ele será
Se negro está lutando
Zumbi presente está
Herói cheio de glórias
Eterno ele será
À sombra da gameleira
A mais frondosa que há
Seus olhos hoje são lua,
Sol, estrelas a brilhar
Seus braços são troncos de árvores
Sua fala é vento é chuva
É trovão, é rio, é mar.


Solano Trindade (1908 – 1974)

Sugestões (Dicas)

DICAS DE LIVROS

Como as histórias se espalharam pelo mundo (Autor Rogério Andrade Barbosa / Ilustrado por Graça Lima / DCL - Difusão Cultural do Livro)

Os príncipes do destino: Histórias da mitologia afro-brasileira (Autor Reginaldo Prandi / Editora COSAC NAIFY)

Ifá, o adivinho (Autor Reginaldo Prandi / Editora Companhia das Letrinhas)

Uma idéia luminosa (Rogério Andrade Barbosa / Editora Pallas)

O cabelo de Lelê (Autora Valéria Belém / Companhia Editora Nacional)

Koumbá e o Tambor Djambê (Autora Madu Costa / Desenhos de Rubem Filho / Editora Mazza)

Histórias da Preta (Autora Heloísa Pires Lima / Ilustrações de Laurabeatriz / Editora Companhia das Letrinhas)


DICAS DE VÍDEOS

Kirikú e a feiticeira (um filme de Michel Ocelot / Edições Paulinas)

Kirikou – Os animais selvagens (um filme de Michel Ocelot)

Vista a minha pele (CEERT – Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades / Secretaria Especial dos Direitos Humanos)

Brasil negro, escola branca (documentário)

Salto para o futuro (coleção TV Escola – Relações Étnico-raciais)

REVISTA CIÊNCIA HOJE DAS CRIANÇAS

Edição nº 51 (Quilombo de Palmares)
Edição nº 168 (Especial África)

DICA DE CD (álbum)

CD Pé com pé (de Sandra Peres e Paulo Tatit)
Este CD infanto-juvenil aborda diversos ritmos africanos

Máscaras africanas

A máscara é a forma mais conhecida da arte africana e constitui um processo de transformação muito apreciado por essa cultura. Em geral, as máscaras têm um papel sagrado em sua representação. Elas podem ser criadas para garantir boas colheitas, para identificar famílias ou clãs, para cerimônias de iniciação masculinas e femininas, para casamentos, nascimentos e funerais.
A linguagem da arte das máscaras só poderá ser analisada em seu caráter universal se estivermos atentos para conhecer o contexto histórico e sócio-cultural no qual a obra foi realizada.
Para os africanos, uma máscara protege quem carrega. Ela se destina a captar a força vital de um ser humano ou de um animal. Essa energia captada na máscara é controlada e, posteriormente, redistribuída em benefício da coletividade.
A maioria das máscaras africanas é feita de madeira, tem forma assimétrica e distorcida. Muitos escultores utilizam tintas extraídas de folhas, frutos e até mesmo da terra para pintar.
As máscaras africanas e suas formas serviram de inspiração para artistas como Pablo Picasso, Matisse e Giacometti.
Ao trabalhar com máscaras africanas, pretende-se que os alunos tenham acesso a informações sobre essa forma de arte, buscando inspiração nas máscaras, assim como fizeram muitos outros artistas pelo mundo afora. Pretende-se com isso, ampliar a elaboração da composição estética (figura, fundo, linha, cor e organização espacial), o repertório artístico da história da arte, valorizar as cores, as formas nas produções e o desenvolvimento da prática artística por meio da experimentação nos diferentes modos da linguagem visual: pintura, desenho, modelagem e colagem.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Diversidade étnica

Apresentação 2

Este blog trata-se de um Trabalho de Conclusão do Curso Educação para a Diversidade e Cidadania, da UNESP / Campus Bauru - SP.


OBJETIVOS DO BLOG:
- Fornecer aos educadores subsídios pedagógicos (sugestões de atividades / sequências didáticas) para introduzir ou abordar na sala de aula (turmas de 4º e 5º Ano do Ensino Fundamental)questões relacionadas à cultura africana e afro-brasileira;

- Promover discussões a respeito do preconceito racial, bem como reconhecer e valorizar a diversidade étnica e cultural da humanidade.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

África Fácil

Atividade 2 “África: Geografia e musicalidades”

Justificativa

A África é rica em diversidade musical e de instrumentos. Em todo continente há tambores de diversas formas, tamanhos e sonoridades, cordas, chocalhos e as marimbas e kalimbas, além de uma multiplicidade de música vocal. Alguns desses conhecimentos, técnicas e instrumentos foram trazidos pelos africanos para o Brasil e influenciaram decisivamente a cultura musical brasileira. Entretanto, nós pouco sabemos sobre isso.
Podemos aproveitar essas africanidades musicais como oportunidade para aprender e ensinar sobre a África e o Brasil africano. Acreditamos que mesmo sem conhecimentos técnicos sobre música, o educador pode se apropriar de materiais disponíveis para construir novas possibilidades educativas, trabalhando conteúdos que lhe sejam acessíveis.

Objetivos
 Trazer conteúdos musicais de origem africana para o processo de ensino aprendizagem;
 Trabalhar elementos da canção: letra, arranjo, identificação de instrumentos, familiarização com ritmo e melodia.
 Apurar a capacidade de atenção auditiva e interpretação sonora.
 Observar aspectos da poética e da rima na construção da letra.
 Ligar conteúdos da letra com aspectos da geografia físico-política do continente africano.

Planejamento.
1. Providencie o CD “Pé com Pé” (de Sandra Peres e Paulo Tatit), rádio com toca CD, marcador permanente para a transparência e programar o uso do retroprojetor;
2. Disponibilize papel e lápis preto e de cor aos alunos;
3. Prepare a transparência de imagens dos instrumentos musicais africanos (Djembê, Kalimba, Marimba ou Balafon que podem ser encontradas no site www.casadasafricas.org.br).
4. Faça cópias em preto e branco do mapa político do continente africano;
5. Afixe um mapa político da África Contemporânea na sala,

Encaminhamentos
1 O Professor deve ouvir a canção “África” (faixa 15), ler a letra (página 34 e 35 do encarte do CD) e identificar seus conteúdos;
2 Ouvir e cantar a canção com as crianças, solicitando que elas identifiquem os instrumentos utilizados no arranjo (a atividade não sreá prejudicada caso os alunos não consigam identificar todos os instrumentos);
3 Solicitar às crianças que transcrevam a letra da canção, dirigindo a audição, ouvindo pausadamente cada trecho;
4 Disponibilizar cópia da letra da música “África” para os alunos;
5 Comparar o texto transcrito com a letra original;
6 Localizar e pintar os países do continente africano presentes na letra .
7 Projetar e mostrar dois instrumentos africanos (Djembe e Balafon) por meio de imagens.

Sugestões de materiais de apoio

Livro Koumba e o Tambor Diambê – Madu Costa
Jeandot, Nicole – Explorando o universo da música. Série Pensamento e ação no magistério. São Paulo: Scipione, 1990.
www.casadasafricas.org.br

Diversidade humana